O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o retorno do desembargador Sérgio Fernandes Martins à presidência do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS). A decisão foi proferida na última quinta-feira (5), revertendo o afastamento de Martins, ocorrido em outubro devido a suspeitas de envolvimento em um esquema de venda de decisões judiciais.
A reintegração do desembargador atende a um pedido de sua defesa, que argumentou a ausência de evidências que comprovem benefício financeiro direto a Martins. Na decisão, Zanin considerou que os documentos apresentados pela defesa esclareceram as suspeitas levantadas pela Polícia Federal. O parecer favorável do procurador-geral da República, Paulo Gonet, também foi decisivo para a decisão.
O afastamento inicial de Martins foi determinado pelo ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), como parte da operação "Ultima Ratio", que investiga corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa e outros crimes no Judiciário sul-mato-grossense.
A Polícia Federal apura a suposta participação de Martins em um esquema envolvendo o advogado Félix Jayme Nunes da Cunha e o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, suspeitos de intermediar a venda de sentenças no TJ-MS. As investigações identificaram transações financeiras consideradas suspeitas, como a compra de veículos e gado com dinheiro em espécie, além de um aumento patrimonial de R$ 102 mil entre 2022 e 2023.
Além de Martins, outros quatro desembargadores também foram afastados e são alvos das investigações. A operação "Ultima Ratio" trouxe à tona um complexo esquema de corrupção que ainda está sendo desvendado pelas autoridades.
Com a decisão do STF, Sérgio Fernandes Martins reassume a presidência do TJ-MS enquanto as investigações continuam. Apesar da retomada de suas funções, o caso ainda apresenta desdobramentos que podem influenciar a gestão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
A reintegração de Martins ocorre em um momento de atenção redobrada sobre o sistema judiciário local, colocando em evidência tanto os desafios quanto a importância de garantir transparência e justiça nas decisões.