Com acesso limitado a serviços básicos de saúde, comunidades da região pantaneira da Nhecolândia receberam, após três anos, uma nova edição do programa Saúde do Homem e da Mulher Rural, promovido pelo Senar/MS em parceria com o Sindicato Rural de Corumbá e a Prefeitura Municipal. A ação ofereceu mais de 300 atendimentos gratuitos em especialidades médicas como ginecologia, urologia, pediatria, clínica geral, dermatologia e oftalmologia, além de vacinação, coleta de sangue, testes de ISTs e exames preventivos.
A estrutura montada na Fazenda Novo Horizonte mobilizou dezenas de profissionais da saúde e foi além da consulta médica: representou inclusão, dignidade e valorização de quem vive e trabalha no campo.
“A proposta é justamente essa: levar atendimento até quem tem dificuldade de acesso. Aqui, muitas pessoas enfrentam barreiras para buscar ajuda médica nas cidades. Por isso, nossa missão é estar presente onde elas estão”, explica Lucas Gottardi, coordenador do programa.
A realidade da Nhecolândia, uma das áreas mais isoladas do Pantanal, mostra como a distância, o custo com transporte e as condições de deslocamento — que muitas vezes envolvem travessias de barco — dificultam o acesso da população ribeirinha à saúde pública. É o caso de Roseli Silva, de 46 anos, moradora da comunidade Japorá. Hipertensa e diabética, ela precisa de acompanhamento constante, mas a falta de transporte inviabiliza as consultas.
“Acordei cedo e vim com fé. Desde 2018, quando tive paralisia facial, não conseguia receita para os olhos. Hoje consegui atendimento, receita, orientação. Isso muda tudo pra gente”, conta Roseli, que vive em um sítio onde cria animais e cultiva mandioca.
O produtor rural João Francisco da Silva, de 58 anos, do Assentamento São Gabriel, também aproveitou a oportunidade para buscar ajuda médica. “Tenho dores na coluna há anos, por conta do serviço pesado com a enxada. O médico explicou bem, passou os medicamentos. A gente sofre por falta de maquinário e atendimento, então é muito bom quando essa ajuda vem até nós.”
Já seu Juraci Amorim, trabalhador de uma fazenda próxima, não via um médico há três anos. “Medi a pressão, fiz os exames. Ainda trouxeram ônibus pra buscar a gente, ficou mais fácil. Todo mundo ganhou.”
A pescadora Cleonice de Amorim, de 44 anos, moradora da comunidade ribeirinha de Porto Esperança, nunca havia feito uma mamografia. “Nunca consegui ir até a cidade pra isso. Hoje fui atendida, peguei encaminhamento, fiz o preventivo — fazia mais de 10 anos que não fazia. Foi um dia muito importante.”
Segundo Stefano Rettore, presidente do Sindicato Rural de Corumbá, o programa representa cuidado com todos que vivem da terra — não apenas os produtores, mas também os trabalhadores e suas famílias.
“Essa é uma ação de todos: sindicato, prefeitura e produtores que ajudam a mobilizar a comunidade. Levar saúde é levar dignidade”, afirma.
A ação contou ainda com o apoio da Defesa Civil, Exército Brasileiro, Polícia Militar Ambiental, Polícia Militar Rural, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e empresas privadas da região. Cada consulta realizada mostra que a distância não impede a transformação, e que com esforço conjunto, é possível levar saúde de qualidade a quem mais precisa.
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